Você sabe qual é diferença entre condições inseguras e atos inseguros? Pode parecer óbvio, mas muitas pessoas não têm clareza sobre essa distinção.
A diferença entre condições inseguras e atos inseguros faz parte dos conceitos básicos de Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho (SGSST) e foi tema de uma dissertação de Mestrado em Engenharia defendida na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP). A partir de uma revisão bibliográfica dos mais importantes trabalhos publicados sobre o tema, o autor explica que:
- quando acidentes são causados em função do ambiente de trabalho, trata-se de condições inseguras;
- agora, se esses acidentes são causados por ações dos seres humanos, eles são considerados atos inseguros.
Embora essa definição pareça muito simples, ela serve para informar alguns dados interessantes.
Por exemplo, Roger L. Brauer realizou uma pesquisa em 1994 — cujos resultados foram publicados em seu livro Safety and Health for Engineers (“Segurança e Saúde para Engenheiros”) — onde analisou 75.000 acidentes de trabalho. Ele descobriu que 88% desses acidentes foram causados por atos inseguros, somente 10% por condições inseguras e 2% por fatores imponderáveis e imprevisíveis. Ou seja, a maioria dos acidentes em ambiente de trabalho possui como causa um fator humano.
Contudo, apesar do fator humano não estar no total controle da empresa, isso não necessariamente a isenta de responsabilidades. Inclusive, juridicamente, a empresa pode ser responsabilizada — mesmo que o acidente tenha sido causado pelo trabalhador.
A relevância desses dados está no fato de que, para além do ambiente de trabalho seguro e dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) adequados, a orientação e a conscientização são fundamentais para a segurança e saúde do trabalhador.
Em outras palavras: um treinamento bem feito pode reduzir e muito os riscos de acidentes no trabalho!
ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DO TREINAMENTO DE SEGURANÇA
Ainda conforme a dissertação defendida na USP, para realizar um treinamento de segurança apropriado, a empresa deve levar em consideração:
- as demandas relacionadas à gestão de segurança;
- os requisitos legais;
- os procedimentos e instruções de segurança;
- a definição das responsabilidades e funções;
- o resultado das avaliações de desempenho da equipe;
- o resultado dos indicadores de desempenho do sistema de segurança do trabalho;
- a antecipação de necessidades da força de trabalho;
- e a alteração nos processos, nas ferramentas e nos equipamentos.
Dentre esses itens, tanto os procedimentos e instruções de segurança quanto a alteração nos processos, ferramentas e equipamentos compreendem, direta e indiretamente, o treinamento no uso de EPI’s.
TREINAMENTO NO USO DE EPI’S
Ainda que muitos acreditem que os EPI’s são fáceis de usar e praticamente autoexplicativos, isso não é bem verdade. Existem algumas instruções importantes, sem as quais o risco de acidentes aumenta consideravelmente.
Para citar um exemplo: um dos problemas mais comuns em ambientes de trabalho é a retirada dos EPI’s entre um procedimento e outro.
Trata-se daquele momento no qual o trabalhador, ao encerrar um determinado processo e retira os EPI’s (como o capacete de segurança, o protetor auditivo ou o óculos de proteção). Nesse ínterim, uma centena de fatores imprevisíveis podem acontecer e pegar o trabalhador desprevenido. Por esse motivo, é de suma importância instruir os trabalhadores a só removerem os EPI’s quando deixarem o ambiente de risco.
Outro problema comum é o uso de EPI’s sem o Certificado de Aprovação (CA), ou com ele vencido. O CA é emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego e representa a garantia de qualidade do EPI de acordo com as normas nacionais e internacionais.
Não precisa nem dizer o quão perigoso pode ser um EPI que não possua CA. Só que, além disso, o CA possui prazo de validade — algo que pouca gente sabe. Os prazos de validade do CA costumam variar entre dois e cinco anos e é imprescindível verificá-lo antes de efetuar a compra.
Para concluir: é indispensável para as empresas e indústria levarem em conta o treinamento para o uso correto de EPI’s, além de, evidentemente, optar sempre por EPI’s certificados e da melhor qualidade e de proporcionar um ambiente de trabalho seguro.
Na dúvida sobre os usos de EPI’s, sobre CA ou qualquer outra questão? Lembre-se que a RJEPI possui especialistas prontos para te auxiliarem.