Antes da pandemia do novo coronavírus, os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) eram um assunto familiar somente aos que faziam uso deles no trabalho, principalmente na indústria e em hospitais. Porém, após o impacto da pandemia e com o uso de máscaras se tornando obrigatório em diversos ambientes, o termo EPI começou a circular entre o grande público.

Até então, muitas pessoas sequer tinham ouvido a sigla EPI antes — e boa parte ainda se perguntava o que ela queria dizer. Hoje, a imensa maioria da população já sabe, ao menos em sentido amplo, o que essas três letras significam. Ainda assim, nem todos sabem detalhadamente o que são EPI’s.

Foi pensando nisso que a RJEPI preparou uma introdução básica sobre o que é um EPI.

A ORIGEM DO EPI

Até onde é possível rastrear, os primeiros registros do uso sistemático de EPI’s retrocedem à Idade Média, quando a Europa se viu diante de epidemias de proporções calamitosas que, na época, eram tratadas como “pragas” ou “pestes”. O livro Images of Plague and Pestilence: Iconography and Iconology (“Imagens de Praga e Pestilência: Iconografia e Iconologia”, 2000), da pesquisadora austríaca Christine M. Boeckl, reúne algumas das principais referências visuais daquele período. Para quem se interessa pela história, vale a pena conferir!

A princípio, os responsáveis por cuidarem das epidemias utilizavam um equipamento popularmente conhecido como “vestimenta dos doutores da praga”. Durante a Peste Bubônica do século XIV, essa vestimenta era composta por uma capa que cobria todo o corpo, da cabeça aos pés, botas e luvas e uma máscara que imitava um bico de pássaro e deixava apenas os olhos descobertos. Em geral, ervas ou essências de lavanda eram embutidas na máscara.

A partir do início do século XX, as máscaras de proteção começaram a ser utilizadas de forma institucional. Em um artigo científico publicado em 2018, o pesquisador Christos Lynteris, do Departamento de Antropologia Social da University of Saint Andrews, na Escócia, explica que foi durante a Peste da Manchúria, em 1910, que as máscaras se tornaram um EPI em sentido estrito. Lynteris conta que essa epidemia começou entre na fronteira entre China e Rússia e se espalhou pelo território Manchúria com uma taxa de mortalidade de 100%. Foi nesse contexto que o médico Wu Liande desenvolveu e promoveu sua invenção pessoal: a “máscara anti-praga” — feita de gaze e algodão. Esse foi o primeiro passo rumo ao que, tempos depois, tornar-se-ia um padrão de EPI.

A NORMATIZAÇÃO DO EPI

A partir da segunda metade do século XX, os EPI’s começaram a ser normatizados pelos órgãos reguladores competentes.

Em 1989, a União Europeia apresentou suas normas sobre os EPI na Diretiva 89/686/EEC. Ali, distinguiam-se três tipos de EPI’s:

  • Categoria 1: design simples (por exemplo: luvas de jardinagem ou botas de trilha);
  • Categoria 2: design médio (por exemplo: proteções para motociclistas ou jaquetas de neve).
  • Categoria 3: design complexo (por exemplo: proteções respiratórias ou cinturões).

Já no Brasil, as primeiras portarias começaram a ser publicadas em 1972 e foram aperfeiçoadas ao longo das décadas. Atualmente, vige a Portaria SIT nº 25, de 15 de outubro de 2001, da qual se extrai a Norma Regulamentadora nº 6 (NR6) — sobre Equipamentos de Proteção Individual.

O texto da NR6 diz: “considera-se Equipamento de Proteção Individual – EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”. A NR6 ainda especifica que todos os EPI’s devem, obrigatoriamente, ter Certificado de Aprovação (CA) expedido por órgão competente (no caso, o Ministério do Trabalho e do Emprego). Por fim, estabelece que o empregador deve ser responsável por fornecer aos trabalhadores os EPI’s adequados, conforme o tipo de trabalho a ser executado.

Quer saber quais são os tipos de EPI’s e seus respectivos usos? Continue acompanhando os textos do blog do RJEPI. No próximo post, explicaremos, em detalhes, os itens da lista de EPI’s da NR6.

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